Depressão não é pecado

Igreja Viva | publicado há 1 ano

Depressão não é pecado

Eu sei, pessoalmente, que não há nada no mundo que o corpo físico possa sofrer que se compare à desolação e à prostração da mente” Charles Spurgeon.

Houve um tempo no meio eclesiástico que depressão era considerada fruto do pecado ou até muitas vezes possessão demoníaca. Felizmente este tempo já ficou para trás com a ampla divulgação e conscientização. Mas ainda é possível perceber a não compreensão do que exatamente é a depressão ou até mesmo o julgamento de alguns, sem empatia e que por vezes, no íntimo se veem como super espirituais.

Inicialmente se faz necessário considerar que, apesar de crentes em Cristo, nascidos no Espírito, ainda estamos na terra e temos um corpo sujeito a todas as variáveis como qualquer outra pessoa. A própria palavra de Deus, em Tiago 5:17, fala que Elias era um “homem sujeito às mesmas paixões que nós”, orou e não choveu, fez descer fogo do céu e tantas outras proezas. Este homem, tão usado por Deus, teve um momento de profunda dor, angústia e tristeza, assim como Moisés e outros grandes homens de Deus. Isto acontece a pessoas com muita fé e com pessoas sem fé. O ser humano é corpo, alma e espírito. E enquanto estiver neste mundo, infelizmente poderá sofrer de doenças no corpo e também na mente.  É interessante como no meio cristão, as doenças no físico ainda são mais aceitáveis do que as da mente. Como ponto de partida, se faz necessário tirar qualquer resquício de preconceito que porventura ainda exista e encarar a depressão como algo pertencente a condição do humano em um mundo decaído. 

Em segundo lugar, se faz necessário diferenciar uma tristeza, melancolia ou processo natural de luto, de um quadro depressivo. A tristeza faz parte das emoções básicas de uma pessoa, assim como a raiva, alegria, medo e afeto. Para a tristeza, a Palavra de Deus fala, por exemplo, no livro de Salmos que “o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” e muitos outros versículos bíblicos que podem trazer um conforto e incentivo a trocar a tristeza por alegria. 

Mas no caso de um quadro depressivo, a tristeza, é só um dos caracteres que compõe a sintomatologia deste quadro. Para fazer o diagnóstico, é necessário um profissional da área, apresentar vários sintomas e por um período. 

As causas podem ter origem na neuroquímica do cérebro, quando este deixa de produzir certas substâncias, na parte hormonal, situacional, ou traumática, assim como a dor de lutos e perdas não resolvidas.

Infelizmente a depressão hoje é o quadro mental que mais assola pessoas, independente da idade, classe sócio-econômica-cultural ou religiosa. 

Os passos necessários para trabalhar com a depressão: 

Do portador 

A pessoa com o quadro depressivo precisa primeiro entrar em contato com sua dor, reconhecer e expressá-la. Pedir ajuda pastoral, profissional, de irmãos na fé, amigos, e, precisa também ter uma rede de apoio. 

O incentivo aqui é para que ninguém na família espiritual, sofra calado, isolado e solitário, mas que busque ajuda. 

E vale ressaltar que existem hábitos que são antidepressivos, número um, como, por exemplo, a atividade física, que ajuda na liberação de neurotransmissores promotores do bem-estar. Assim como alimentação, estilo de vida, estar com pessoas, dar e receber abraços, que liberam a oxitocina, hormônio do “amor”.

Do meio 

No meio cristão, devemos ter um cuidado para que as pessoas sejam acolhidas em sua dor, acompanhadas em seu processo e aceitas em sua condição. Deve-se oferecer um lugar seguro e acolhedor para a fala sem receio desta pessoa que sofre. O amor do Eterno, pode e deve ser expresso por irmãos na fé, que cheios de empatia e perseverança, que se disponibilizem a caminhar com pessoas que sofrem de depressão.  A fala do grande pregador Spurgeon que sofreu de depressão desde os 24 anos, descreve bem como o meio deve agir com pessoas em sofrimento: 

“Vocês que estão andando na luz, lidem cuidadosamente com seus irmãos e irmãs cujos ossos estão quebrados, porque vocês também podem sofrer o mesmo! Disponham-se a consolar os enlutados do Senhor. Sejam muito sensíveis em relação a eles, pois o Senhor Jesus tem agido assim com vocês.”

SPURGEON, Charles Haddon do livro: “Consolo aos Desesperados” 

Para encerrar, vale lembrar de um Salmo, que costumo chamar de terapêutico e curador, que é o 139. A leitura e meditação neste capítulo, ajuda muito, pois é uma linda descrição do forte, intenso e perseverante amor do Pai. É um

antídoto para qualquer sentimento de não pertencimento, abandono, rejeição e depressão.  Além da Bíblia toda que é uma linda carta de amor incondicional do Deus Pai.


 

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