A leitura dedicada às Escrituras é um ato sublime de adoração, sendo uma das atividades mais importantes da vida do cristão, ao lado da oração e do louvor. Sem nenhuma dificuldade o leitor pode encontrar diferenças entre o Antigo Testamento (AT) e o Novo Testamento (NT), mais especificamente ao que se refere ao próprio Deus e Sua relação com a humanidade. A priori o leitor pode ficar com a impressão de que no AT, Deus é especialmente temível, por aplicar a Sua justiça e julgamento, punindo o pecado e exigindo obediência à Sua Lei. Por outro lado, no NT, Deus é revelado como amoroso, misericordioso e compassivo na pessoa de Jesus Cristo, sendo a personificação suprema do amor e da graça de Deus. Entretanto, esta percepção merece uma atenção especial e um refinamento.
Após o relato da Queda, descrito em Gênesis 3, no livro de Êxodo encontramos a primeira revelação de Deus “Disse Deus a Moisés: "Eu Sou o que Sou. É isto que você dirá aos israelitas: Eu Sou me enviou a vocês". Disse também Deus a Moisés: "Diga aos israelitas: O Senhor, o Deus dos seus antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó, enviou-me a vocês. Esse é o meu nome para sempre, nome pelo qual serei lembrado de geração em geração. (Êxodo 3:14,15). Alguns aspectos importantes dessa passagem, em primeiro é a apresentação do próprio Deus como “Eu Sou” e “Senhor” em Hebraico YHWH ou IAVÉ, que significa “Ele é” ou “Ele será”, dessa forma podemos entender que não existem palavras humanas capazes para descrever a magnitude de Deus e sobre “Ele será” reflete sobre a revelação progressiva de Deus na história, passaremos a conhecê-lO conforme Ele se revela. Em segundo, passando para o NT – Jesus Cristo é a revelação máxima de Deus e encontramos n’Ele uma correlação direta com a afirmação “Eu Sou”, “ Eu sou o pão da Vida” (João 6:27), “Eu sou a luz do mundo” (João 8:12), “Eu sou a Porta das ovelhas” (João 10:7), “Eu sou o bom Pastor” (João 10:11), “Eu sou a ressureição e a vida” (João 11:25-26), “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6) e “Eu sou a videira verdadeira” (João 15:1). Por último, acreditamos que nosso Deus é Trino, sendo constituído pelo Pai, o Filho e o Espírito Santo. Jesus Cristo, é a segunda pessoa da Trindade (O Filho), sendo Ele o próprio Deus que se fez carne e morreu por nós.
Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas! Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação. Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus. Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus. (2 Coríntios 5:17-21)
Mas porque Cristo morreu por nós? Ele morreu para nos salvar. Nesse ponto precisamos fazer uma diferenciação entre o entendimento de Lei (AT) e Graça (NT). A Lei dada por Deus a Moisés, estabelece que o cumprimento da mesma era considerado essencial para a bênção divina e se dava por meio da obediência, festas anuais, sacrifícios de animais e somente os sacerdotes tinham acesso ao Tabernáculo (local da presença de Deus). No entanto, o Novo Testamento ensina que a humanidade é incapaz de cumprir perfeitamente a Lei e, portanto, está sujeita à condenação. A Graça, por outro lado, oferece a salvação como um dom gratuito de Deus, que é recebido pela fé em Jesus Cristo. Através da morte e ressurreição de Jesus, a Graça possibilita o perdão dos pecados e a reconciliação com Deus. Isso não significa que a Lei seja totalmente descartada no NT. Jesus afirmou que não veio abolir a Lei, mas cumpri-la. Ele ensinou que os princípios morais e éticos da Lei continuam sendo relevantes. No entanto, a Graça introduz um novo paradigma de relacionamento com Deus, onde a salvação é alcançada pela fé e pela aceitação do dom da Graça.
Observe as seguintes passagens João 1 – “No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus” e João 1:14“Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade”. Jesus Cristo, existe desde o princípio e sempre fez parte do plano de salvação. Dessa forma, podemos entender que Deus, seja no AT ou NT nos ama incondicionalmente. Por fim, deixo um convite – o próximo artigo irá apresentar onde podemos encontrar Jesus Cristo no AT, não deixe de conferir!
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Por: Diego B. de Mello