Falar sobre amizade para nós brasileiros parece fácil. Nossa cultura latina é uma cultura amigável. De um modo geral, somos mais relacionais, sociáveis, acessíveis, acolhedores e hospitaleiros. Contudo, existe um problema: corremos o risco de confundirmos sociabilidade com amizade. Muita gente confunde isso.
A sociabilidade está na ordem do ajuntamento, das liturgias religiosas, dos eventos, do entretenimento, do prazer, da alegria e da festa. A sociabilidade é uma relação superficial. Na sociabilidade a regra é não incomodar, é ser politicamente correto, é até fazer coisas juntos, seguir as regras da missão que foi nos dada, mas em uma camada superficial.
Por exemplo: podemos nos unir para ajudar uma família, auxiliar em um ministério na igreja, orar toda semana, ajudar em eventos, jogar bola ou para nos divertirmos. Mas, se não formos intencionais em formar amizades, podemos ficar sempre no nível da sociabilidade.
Você já percebeu pessoas que estão sempre envolvidas com muita gente, com muitas tarefas, mas que não crescem? Estão ativas nos cultos, nas reuniões de oração, nos eventos, nas festas, nos encontros sociais, mas parece que as coisas não andam? Não estou dizendo que não devemos estar ativos nos relacionamentos, mas a atividade pode ser somente sociabilidade. Inclusive creio ser possível ter sociabilidade com Deus e não relacionamento real!
A amizade está em outra ordem, vai além da sociabilidade, produz transformação em nossas vidas, enquanto a sociabilidade produz somente proximidade. A sociabilidade pode ser o ambiente do nascimento de amizades, mas não é amizade. A transformação passa pelas amizades mais intencionais, mais profundas e mais sinceras.
É por isso que todos queremos ter bons amigos. Amigos sempre nos ajudam nos momentos difíceis, sempre nos ouvem, mesmo quando temos que colocar para fora todo lixo. Amigos nos motivam, puxam nossa orelha e nos ajudam a crescer.
A amizade com um cristão genuíno toma uma ordem ainda mais profunda. A amizade com um cristão tem a pessoa de Cristo no centro. Toda amizade com um cristão sincero se torna uma amizade discipuladora. Por que? Porque um cristão genuíno é um discípulo de Jesus, um aprendiz constante dEle e é impossível ser um aprendiz constante de Jesus sem querer levar o outro a também aprender, crescer e ser transformado por Ele. Um verdadeiro discípulo de Jesus sempre vai te levar para Cristo.
Em que ordem você está vivendo seus relacionamentos? Na ordem da sociabilidade, de muitos encontros, muitos eventos, mas sem profundidade? Na ordem da amizade, mas sem Jesus no centro? Na ordem que até produz algum crescimento, mas faltam valores absolutos? Ou você vive amizades como um verdadeiro discípulo de Jesus, que cresce e ajuda o outro a crescer?
Minha oração é que você possa viver um nível mais profundo de amizade que promova transformação em sua vida e na vida de quem você se relaciona, tendo Jesus como alvo. Minha oração é que você tenha amizades discipuladoras!